Pai Rico, Pai Pobre (Rich Dad, Poor Dad) -KIYOSAKI & LECHTER | Livro PDF

Pai Rico, Pai Pobre (Rich Dad, Poor Dad) -KIYOSAKI & LECHTER | Livro PDF

Pai Rico, Pai Pobre (Rich Dad, Poor Dad) -KIYOSAKI & LECHTER | Livro PDF
O que os ricos ensinam a seus filhos sobre dinheiro.
ROBERTT. KIYOSAKI
SHARON L. LECHTER
Pai Rico, Pai Pobre
(Rich Dad, Poor Dad)
O que os ricos ensinam a seus filhos sobre dinheiro
Consultor Editorial: Moisés Swirski
PhD em Finanças/New York University
Professor e Diretor do PDG/IBMEC Business School
Tradução: Maria Monteiro

Categoria: Desenvolvimento Pessoal.

Tag MozEstuda: Sucesso.

Licença: Acesso Livre na Internet.

Formato: PDF.

Idioma: língua portuguesa.

________________________________________________________
SUMÁRIO
Introdução – Há uma necessidade
LIÇÕES
Capítulo Um – Pai rico, pai pobre
Capítulo Dois – Lição l: Os ricos não trabalham pelo dinheiro
Capítulo Três – Lição 2: Para que alfabetização financeira?
Capítulo Quatro – Lição 3: Cuide de seus negócios
Capítulo Cinco – Lição 4: A história dos impostos e o poder da
sociedade anônima
Capítulo Seis – Lição 5: Os ricos inventam dinheiro
Capítulo Sete – Lição 6: Trabalhe para aprender – não trabalhe pelo
dinheiro
INÍCIO
Capítulo Oito – Como superar obstáculos
Capítulo Nove – Em ação
Capítulo Dez – Ainda quer mais?
Conclusão – Como pagar a faculdade dos filhos com apenas US$
7.000
Aja!
Os autores
Leituras Recomendadas

INTRODUÇÃO
Há uma necessidade
A escola prepara as crianças para o mundo real? “Estude com afinco,
tire boas notas e você encontrará um bom emprego com um salário
alto”, costumavam falar meus pais. O objetivo deles na vida era
oferecer instrução superior para mim e para minha irmã mais velha, de
modo que no futuro tivéssemos maiores oportunidades de sucesso.
Quando finalmente me formei em 1976 – com destaque, pois fui um
dos primeiros lugares da turma no curso de contabilidade da Florida
State University -, meus pais finalmente atingiram seu objetivo. De
acordo com o “Plano Diretor”, fui contratada por um dos “Oito
Grandes” escritórios de contabilidade e imaginava à minha frente uma
longa carreira e uma aposentadoria enquanto ainda fosse jovem.
Meu marido, Michael, seguiu um percurso semelhante. Ambos viemos
de famílias trabalhadoras, de recursos modestos, mas com uma forte
ética em relação ao trabalho. Michael também se formou com louvor, e
ele o fez duas vezes: primeiro em engenharia e depois em direito.
Rapidamente foi contratado por um prestigioso escritório de advocacia
em Washington, D.C., especializado em patentes. Seu futuro parecia
brilhante, com uma trajetória profissional bem definida e uma
aposentadoria precoce garantida.
Embora nossas carreiras tenham sido bem-sucedidas, elas não foram
exatamente o que esperávamos. Ambos mudamos de emprego várias
vezes, pelas razões certas. Contudo, não há planos de pensão
garantidos: nossos fundos de aposentadoria só aumentam em função
de nossas contribuições individuais.
Michael e eu somos muitos felizes no casamento e temos três filhos
maravilhosos. Enquanto escrevo este livro, dois deles já estão na
faculdade e o terceiro está começando o segundo grau. Gastamos
uma fortuna para assegurar-nos de que nossos filhos estão recebendo
a melhor formação possível.
Um dia, em 1996, um dos meus filhos chegou em casa decepcionado
com a escola. Estava aborrecido e cansado de estudar.
– Por que tenho que perder tempo estudando coisas que nunca
aplicarei na vida real? – protestou. Sem pensar, respondi:
– Porque se você não tiver boas notas, você não vai entrar na
faculdade.
– Mesmo que não entre na faculdade – replicou – vou ficar rico.

– Se você não se formar, não vai conseguir um bom emprego –
respondi com uma ponta de pânico e preocupação maternal. – E se
você não tiver um bom emprego, como é que você pode ficar rico?
Meu filho deu um sorrisinho forçado e balançou a cabeça. Já tínhamos
levado este papo várias vezes. Ele abaixou a cabeça e desviou o
olhar. Minhas palavras cheias de sabedoria materna caíam novamente
em ouvidos surdos. Embora esperto e determinado, ele sempre se
mostrou um garoto bem-educado e respeitador.
– Mãe! – começou. Era minha vez de ouvir um sermão. – Caia na real!
Olhe o que está acontecendo. As pessoas mais ricas não ficaram ricas
por causa do estudo. Veja o Michael Jordan e a Madonna. Até o Bill
Gates largou Harvard para fundar a Microsoft, e ainda tem pouco mais
de trinta anos. Há um arremessador de beisebol que ganha mais de
US$4 milhões embora digam que é “desafiado mentalmente”.*
/* Terminologia politicamente correta para o que se costumava chamar
de “débil mental”. (N. T.)/
Seguiu-se um prolongado silêncio. Percebi que estava dando a meu
filho os mesmos conselhos que meus pais tinham me dado. O mundo
havia mudado, mas os conselhos continuavam os mesmos. Boa
formação e notas altas não são mais suficientes para garantir o
sucesso e ninguém parece ter se dado conta, a não ser nossos filhos.
– Mãe – continuou ele -, não quero trabalhar tanto como você e o papai.
Vocês ganham muito dinheiro, moramos numa casa grande e temos
muitos brinquedos. Se seguir seu conselho vou acabar como vocês,
trabalhando demais só para pagar mais impostos e me endividar. Não
há mais segurança no emprego; já sei tudo a respeito de downsizing e
de rightsizing.** Também sei que o pessoal que se forma na
universidade não está ganhando tanto quanto antigamente. Sei que
não posso depender da seguridade social ou dos fundos de pensão da
empresa para aposentar-me. Preciso de novas respostas.
/** Nova corrente administrativa que sugere às empresas não
meramente “enxugar” o número de seus empregados, mas sim manter
o número necessário às suas atividades. (N. T.)/
Ele estava certo. Ele precisava de novas respostas e eu também. O
conselho de meus pais pode ter funcionado para as pessoas que
nasceram antes de 1945, mas pode ser um desastre para os que
nasceram em um mundo em rápida transformação. Não basta dizer
para meus filhos “Vá para a escola, tire boas notas e procure um
emprego tranquilo e seguro”.

Eu sabia que tinha que procurar novas formas de orientar a educação
de meus filhos.
Como mãe e contadora, preocupava-me com a falta de instrução
financeira nas escolas que nossos filhos frequentam. Muitos dos
jovens de hoje têm cartão de crédito antes de concluir o segundo grau

e, todavia, nunca tiveram aulas sobre dinheiro e a maneira de investi-
lo, para não falar da compreensão do impacto dos juros compostos

sobre os cartões de crédito. Simplesmente, são analfabetos
financeiros e, sem o conhecimento de como o dinheiro funciona, eles
não estão preparados para enfrentar o mundo que os espera, um
mundo que dá mais ênfase à despesa do que à poupança.
Quando meu filho mais velho ficou totalmente endividado no cartão de
crédito, no primeiro ano da faculdade, eu o ajudei a rasgar os cartões
e comecei a procurar um programa que me ajudasse a educar meus
filhos em termos de questões financeiras.
No ano passado, meu marido ligou do escritório: “Encontrei alguém
que pode ajudar você”, disse ele. “Seu nome é Robert Kiyosaki. Ele é
empresário e investidor e está aqui para patentear um produto
educacional. Penso que é o que você estava procurando.”
Justamente o que eu estava procurando
Meu marido, Mike, ficou tão impressionado com CASHFLOW, o novo
produto educacional que Robert Kiyosaki estava desenvolvendo, que
conseguiu que nós participássemos de um teste do protótipo. Como se
tratava de um produto educacional, perguntei também a minha filha de
dezenove anos, caloura da universidade local, se ela gostaria de
participar do teste e ela concordou.
Cerca de quinze pessoas, divididas em três grupos, participaram do
teste.
Mike estava certo. Era esse o produto educacional que eu estava
procurando. Parecia um tabuleiro coloridíssimo de Banco Imobiliário,
contudo havia duas pistas: uma interna e outra externa. O objetivo do
jogo era sair da pista interna, que Robert chamava de “Corrida dos
Ratos”,* e alcançar a pista externa, ou “Pista de Alta Velocidade”.**
Como dizia Robert, a Pista de Alta Velocidade simula o jogo dos ricos
na vida real.
/*Rat race (literalmente “corrida dos ratos”) é uma expressão usada
correntemente na língua inglesa para se referir de modo pejorativo à
incessante busca do sucesso no mundo dos negócios. (N. T.)/

/**Fast track (literalmente “pista de alta velocidade”) é uma expressão
usada na língua inglesa para denotar um estilo de vida cheio de
emoções. (N. T.)/

Então Robert descreveu para nós a “Corrida dos Ratos”:
“Se você observar a vida das pessoas de instrução média,
trabalhadoras,você verá uma trajetória semelhante. A criança nasce e
vai para a escola. Os pais se orgulham porque o filho se destaca, tira
notas boas ou altas e consegue entrar na universidade. O filho se
forma, talvez faça uma pós-graduação, e então faz exatamente o que
estava determinado: procura um emprego ou segue uma carreira
segura e tranquila. Encontra esse emprego, quem sabe de médico ou
de advogado, ou entra para as Forças Armadas ou para o serviço
público. Geralmente, o filho começa a ganhar dinheiro, chega um
monte de cartões de crédito e começam as compras, se é que já não
tinham começado.

Com dinheiro para torrar, o filho vai aos mesmos lugares aonde vão os
jovens, conhece alguém, namora e, às vezes, casa. A vida é então
maravilhosa porque atualmente marido e mulher trabalham. Dois
salários são uma bênção. Eles se sentem bem-sucedidos, seu futuro é
brilhante, e eles decidem comprar uma casa, um carro, uma televisão,
tirar férias e ter filhos. O desejo se concretiza. A necessidade de
dinheiro é imensa. O feliz casal concluiu que suas carreiras são da
maior importância e começa a trabalhar cada vez mais para conseguir
promoções e aumentos. A renda aumenta e vem outro filho… e a
necessidade de uma casa maior. Eles trabalham ainda mais
arduamente, tornam-se funcionários melhores. Voltam a estudar para
obter especialização e ganhar mais dinheiro. Talvez arrumem mais um
emprego. Suas rendas crescem, mas a alíquota do imposto de renda,
o imposto predial da casa maior, as contribuições para a Seguridade
Social e outros impostos também crescem. Eles olham para aquele
contracheque alto e se perguntam para onde todo esse dinheiro vai.
Aplicam em alguns fundos mútuos e pagam as contas do
supermercado com cartão de crédito. As crianças já têm cinco ou seis
anos e é necessário poupar não só para os aumentos das
mensalidades escolares, mas também para a velhice.
O feliz casal, nascido há 35 anos, está agora preso na armadilha da
“Corrida dos Ratos” pelo resto de seus dias. Eles trabalham para os
donos da empresa, para o governo, quando pagam os impostos, e
para o banco, quando pagam cartões de crédito e hipoteca.

Então eles aconselham seus filhos a estudar com afinco, obter boas
notas e conseguir um emprego ou carreira seguros. Eles não
aprendem nada sobre dinheiro, a não ser com aqueles que se
aproveitam de sua ingenuidade e trabalham arduamente a vida inteira.
O processo se repete com a geração seguinte de trabalhadores. Esta
é a Corrida dos Ratos.
A única maneira de sair da “Corrida dos Ratos” é provar sua
proficiência tanto na contabilidade quanto no investimento, que são
dois dos assuntos mais difíceis de dominar. Como auditora
independente formada que já trabalhou para um dos Oito Grandes
escritórios de contabilidade, fiquei surpresa ao ver que Robert tornara
o aprendizado desses dois temas divertido e empolgante. O processo
estava tão bem dissimulado que enquanto trabalhávamos
diligentemente para sair da “Corrida dos Ratos” esquecíamos
rapidamente que estávamos aprendendo.
Logo o teste do produto se transformou em uma tarde divertida em
que falei com minha filha de coisas que nunca tínhamos discutido
antes. Como contadora, jogar um jogo que precisava de uma
Demonstração de Renda e de um Balanço era fácil, de modo que tive
tempo para ajudar minha filha e os demais jogadores do meu grupo a
entender conceitos que eles desconheciam. Naquele dia, fui a primeira
pessoa – e a única de todo o grupo do teste – a sair da “Corrida dos
Ratos”. Saí em cinquenta minutos, embora o jogo continuasse por
cerca de três horas.
Na minha mesa estavam um gerente de banco, o dono de uma
empresa e um programador de computadores. O que me perturbou
muito era o pouco que essas pessoas sabiam sobre contabilidade e
investimento, assuntos importantes para suas vidas. Fiquei
imaginando como eles administravam as questões financeiras na vida
real. Podia entender que minha filha de dezenove anos não soubesse
nada, mas eles eram adultos com pelo menos o dobro de sua idade.
Depois que terminei a “Corrida dos Ratos”, fiquei acompanhando por
duas horas minha filha e aqueles adultos instruídos e afluentes que
rolavam os dados e movimentavam seus marcadores. Embora
estivesse contente de vê-los aprender tanto, fiquei incomodada ao
perceber como os adultos tinham pouco conhecimento dos princípios
básicos da contabilidade e do investimento. Eles não conseguiam ver
com clareza a relação entre suas Demonstrações de Renda e seus
Balanços. À medida que compravam e vendiam ativos, eles tinham
dificuldade em lembrar que cada transação poderia ter impacto sobre o
fluxo de renda mensal. Pensei em quantos milhões de pes-

soas, no mundo real, lutam com problemas financeiros só porque
nunca estudaram esse tema.
Graças a Deus, estes estavam se divertindo e se distraíam na ânsia de
ganhar o jogo, disse para mim mesma. Quando Robert deu por
finalizado o teste, ele nos concedeu quinze minutos para discutir e
criticar CASHFLOW entre nós mesmos.
O dono de empresa do meu grupo não estava feliz. Ele não gostou do
jogo. “Não preciso conhecer isso”, disse. “Tenho contadores, gerentes
de banco e advogados que me assessoram nestes assuntos.”
Robert lhe respondeu: “Você já notou que há uma porção de
contadores que não ficam ricos? E gerentes de banco, e advogados, e
corretores de valores e corretores imobiliários? Eles sabem muita
coisa, e em geral são inteligentes, mas a maioria não é rica. Como
nossas escolas não ensinam o que os ricos conhecem, seguimos os
conselhos dessas pessoas. Mas um dia, você está dirigindo na
estrada, preso no engarrafamento enquanto tenta chegar ao escritório
e olha para o lado o vê seu contador preso no mesmo engarrafamento.
Você olha para o outro lado e vê seu gerente de banco. Isso deveria
dizer-lhe alguma coisa.”
O programador de computadores também não ficou muito
impressionado com o jogo: “Posso comprar um software que me
ensine tudo isto.”
O gerente de banco, contudo, estava empolgado: “Estudei isto na

escola – quer dizer, a parte da contabilidade – mas nunca soube aplicá-
la à vida real. Agora sei. Preciso sair da Corrida dos Ratos.”

Mas foi o comentário de minha filha o que mais me impressionou: “Me
diverti aprendendo” – disse. “Aprendi um monte de coisas sobre como
o dinheiro funciona e como investi-lo.”
Então acrescentou: “Agora posso escolher uma profissão pelo que
quero fazer e não para ter um emprego seguro ou mordomias ou pelo
salário. Se eu aprender o que este jogo ensina, ficarei livre para fazer
e estudar o que meu coração pede … e não porque as empresas estão
atrás de determinadas habilidades profissionais. Se aprender isto, não
vou ter que me preocupar com segurança no emprego e Seguridade
Social como a maioria de minha turma.”
Não consegui ficar para conversar com Robert depois que o jogo
acabou, mas concordei em voltar a me encontrar com ele para falar
mais do projeto. Sabia que ele queria usar o jogo para ajudar os outros

a ficarem mais espertos do ponto de vista financeiro e estava ansiosa
para ouvir mais a respeito de seus projetos.
Meu marido e eu marcamos um jantar com Robert e sua esposa para
dali a alguns dias. Embora fosse nosso primeiro encontro social,
parecia que nos conhecíamos há anos. Descobrimos que tínhamos
muito em comum. Falamos de tudo, de esportes e teatro a
restaurantes e questões socioeconômicas. Falamos do mundo em
transformação. Ficamos conversando bastante tempo sobre como a
maioria dos americanos tem pouca ou nenhuma poupança para a
aposentadoria, bem como sobre a quase falência da Seguridade
Social e do Medicare.* Meus filhos teriam que financiar a
aposentadoria dos 75 milhões de baby boomers?** Ficamos
imaginando se as pessoas percebem como é arriscado depender de
planos de pensão.
/* Medicare é um programa de saúde do governo dos Estados Unidos
voltado para os idosos. (N. T.)/
/** Referencia às pessoas nascidas em um período de explosão
populacional e, mais especificamente, as pessoas que nasceram na
década de 195O. (N.T.)/
A principal preocupação de Robert era o hiato crescente entre os que
têm e os que não têm, nos EUA e nos outros países. Empresário
autodidata que viajava em torno do mundo para fazer investimentos,
Robert tinha conseguido se aposentar aos 47 anos. Ele saiu do
conforto da aposentadoria porque tinha a mesma preocupação que eu
tinha em relação a meus filhos. Ele sabe que o mundo mudou, mas
que a educação não mudou com ele. Na opinião de Robert, as
crianças passam anos num sistema educacional ultrapassado,
estudando matérias que jamais usarão, preparando-se para um mundo
que não existe mais.
“Hoje, o conselho mais perigoso que se pode dar a um garoto é Vá
para a escola, tire boas notas e procure um emprego seguro”, ele
gosta de dizer. “Este velho conselho é um mau conselho. Se você
pudesse ver o que está acontecendo na Ásia, na Europa, na América
do Sul estaria tão preocupado quanto eu.” É um mau conselho,
acredita ele, “porque se você quer que seu filho tenha um futuro
financeiro seguro, ele não pode jogar pelas velhas regras. É arriscado
demais”. Perguntei então o que ele entendia por “velhas regras”.
– As pessoas como eu jogam por regras diferentes das suas – disse. –
O que acontece quando uma grande empresa anuncia um
downsizing?

– As pessoas são demitidas – respondi. – As famílias sofrem. O
desemprego aumenta.
– Sim, mas o que acontece com a empresa, em especial com uma
empresa de capital aberto que tem ações na bolsa?
– Em geral o preço das ações aumenta quando se anuncia o
downsizing,respondi. – O mercado gosta quando uma empresa reduz
seus custos salariais, seja mediante a automação, seja apenas
racionalizando o uso da mão-de-obra.
– Certo – respondeu ele. – E quando o preço das ações aumenta, as
pessoas como eu, os acionistas, ficam mais ricas. Isso é o que quero
dizer sobre regras diferentes. Os empregados perdem; os proprietários
e os investidores ganham.
Robert estava descrevendo não apenas a diferença entre empregado
e empregador mas também entre controlar seu próprio destino e
entregar esse controle a alguém.
– Mas para a maioria das pessoas é difícil entender por que isso
acontece – disse eu. – Elas só pensam que isso não é justo.
– E por isso que é uma besteira falar para uma criança simplesmente
“Tenha uma boa instrução” – disse. – E besteira imaginar que a
formação oferecida pelo sistema de ensino preparará seus filhos para
o mundo que eles encontrarão depois de formados. As crianças
precisam de mais educação. Uma instrução diferente. E elas precisam
conhecer as regras. As regras diferentes.
Robert continuou:
– Há as regras seguidas pêlos ricos e há as regras seguidas pêlos
outros 95% da população – disse. – E os 95% aprendem essas regras
em casa e na escola. É por isso que hoje é tão arriscado dizer a uma
criança, simplesmente, “Estude bastante e procure um emprego”. Hoje
uma criança precisa de uma formação mais sofisticada e o sistema
corrente não está atendendo essa necessidade. Não estou
preocupado com quantos computadores há na sala de aula ou com
quanto as escolas gastam. Como o sistema educacional pode ensinar
o que não conhece? E como os pais podem ensinar a seus filhos o
que a escola não ensina? Como você pode ensinar contabilidade para
uma criança? Ela não achará aborrecido? E como os pais podem
ensinar a investir se eles próprios são avessos ao risco? Em vez de
ensinar a meus filhos a buscar a segurança, decidi que o melhor era
ensiná-los a ficar espertos.

– Então como é que você ensinaria a uma criança sobre tudo isso de
que estamos falando? – perguntei a Robert. – Como podemos facilitar a
tarefa dos pais, especialmente quando eles próprios não sabem do
que se trata?
– Escrevi um livro sobre o assunto – foi sua resposta.
– E onde está?
– Em meu computador. Está lá há anos, em pedaços. De vez em
quando acrescento algo mas nunca consegui organizar o material.
Comecei a escrevê-lo depois que meu outro livro virou best-seller, mas
nunca acabei o livro novo. Só tenho pedaços.
E estava em pedaços mesmo. Depois de ler os capítulos, achei que o
livro tinha méritos e que devia ser publicado, sobretudo nestes tempos
em transformação. Concordei em ser co-autora do livro de Robert.
Perguntei-lhe de quanta informação financeira ele achava que uma
criança precisaria. Ele falou que dependeria da criança. Ele sabia que
desde garoto queria ser rico e teve a felicidade de encontrar uma
figura paterna que era rica e que quis orientá-lo. “A educação é o
fundamento do sucesso”, disse Robert. Da mesma forma que as
habilidades académicas são importantes, as habilidades financeiras e
de comunicação também o são.
O que se segue é a história dos dois pais de Robert, um rico e outro
pobre, mostrando as habilidades que ele desenvolveu ao longo de
uma vida.
O contraste entre os dois pais oferece uma perspectiva importante.
Apoiei,editei e compilei este livro. Para os contadores que o lerem,
peço que suspendam seus conhecimentos acadêmicos e abram suas
mentes às teorias apresentadas por Robert. Embora muitas delas
contestem os próprios princípios contábeis geralmente aceitos, eles
oferecem uma valiosa percepção da forma como os verdadeiros
investidores analisam suas decisões de investimento.
Quando nós, como pais, aconselhamos nossos filhos a “ir para a
escola, estudar muito e obter um bom emprego”, fazemos isso muitas
vezes em decorrência de um hábito cultural. Sempre foi certo fazer
isso. Quando encontrei Robert, suas idéias de início me espantaram.
Tendo sido criado por dois pais, ele foi ensinado a procurar dois
objetivos diferentes. Seu pai instruído o aconselhava a trabalhar para
uma grande empresa. Seu pai rico o aconselhava a ser dono de uma
grande empresa. Ambas as trajetórias de vida exigiam instrução, mas
os objetos de estudo eram completamente diferentes. Seu pai

instruído o incentivava a ser uma pessoa instruída. Seu pai rico o
incentivava a contratar pessoas instruídas.
Ter dois pais causou muitos problemas. O pai verdadeiro de Robert
era superintendente de educação no estado do Havaí. Quando Robert
estava com dezesseis anos, a ameaça de “Se você não tirar boas
notas, você não vai conseguir um bom emprego” tinha pouco efeito.
Ele já sabia que sua trajetória profissional era ser dono de empresas,
não trabalhar para elas. De fato, se ele não houvesse tido no curso
secundário um orientador escolar sábio e persistente, poderia não ter
continuado os estudos. Ele admite isso. Estava ansioso para começar
a acumular seus ativos, mas finalmente concordou que uma educação
superior também lhe seria útil.
Na verdade, as idéias deste livro são provavelmente muito extremas e
radicais para a maioria dos pais. Alguns estão tendo dificuldades até
para manter seus filhos na escola. Mas à luz de nossos tempos em
transformação, como pais, precisamos estar abertos a ideias novas e
ousadas. Incentivar filhos a ser empregados é aconselhar nossos
filhos a pagar mais do que a justa parcela em impostos ao longo da
vida, com pouca ou nenhuma esperança de uma aposentadoria. De
fato, a maioria das famílias trabalha de janeiro a meados de maio para
o governo, apenas para cobrir seus impostos. São necessárias novas
idéias e este livro as oferece.