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O Homem Mais rico Da Babilonia – George S. Clason | Livro PDF

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O Homem Mais rico Da Babilonia – George S. Clason | Livro PDF
Categoria: Desenvolvimento Pessoal.

Tag MozEstuda: Sucesso.

Licença: Acesso Livre na Internet.

Formato: PDF.

Idioma: língua portuguesa.
A nossa frente estende-se o futuro como uma estrada que se perde na distância. Ao longo dela há ambições que queremos
realizar…desejosque queremossatisfazer.
Para ver concretizadas essas ambições e desejos, precisamos ser bem-sucedidos em relação ao dinheiro. Use os princípios
financeiros apresentados nas páginas que se seguem. Deixe que eles o tirem das dificuldades acarretadas por uma carteira
vazia e lhe proporcionema vida plena e feliz que uma carteira cheia pode tornarpossível.
Como a lei da gravidade, esses princípios são universais e imutáveis. Espero que lhe propiciem, como o fizeram
para muitos outros, os meios eficazes para uma carteira cheia, uma bela conta bancária e um satisfatório progresso
financeiro.

O Autor e Seu Livro
GEORGE SAMUEL CLASON nasceu em Louisiana, Missouri, em 7 de novembro de 1874.
Freqüentou a University of Nebraska e serviu no exército americano durante a guerra
entre a Espanha e os Estados Unidos. Começando uma longa carreira no mundo
editorial, fundou a Clason Map Company of Denver, Colorado, e publicou o primeiro
atlas rodoviário dos Estados Unidos e do Canadá. Em 1926, lançou o primeiro de uma
série de panfletos sobre economia e sucessos financeiros, usando parábolas
ambientadas na antiga Babilônia para ilustrar suas lições. Tais panfletos eram
distribuídos em grandes quantidades pelos bancos, companhias de seguros e
empregadores e tornaram-se familiares a milhões de pessoas, o mais famoso sendo O
homem mais rico da Babilônia, a parábola-título deste livro. Estas “parábolas
babilônicas” tornaram-se um clássico moderno entre os livros de auto-ajuda.

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Prefácio

NOSSA PROSPERIDADE como nação depende de nossa prosperidade financeira como indivíduos.
Este livro lida com o sucesso de cada um de nós. Sucesso quer dizer realizações como o resultado de nossos
próprios esforços e aptidões. Uma preparação adequada é a chave para o sucesso. Nossos atos podem não ser
tão criteriosos quanto nossos pensamentos. Nosso modo de pensar pode não ser tão judicioso quanto nossa
compreensão.
Este livro, que apresenta soluções para a falta de dinheiro, tem sido considerado um guia para o
entendimento financeiro. Seu propósito é realmente este: oferecer àqueles que ambicionam o sucesso financeiro
um insight que os ajudará a ganhar dinheiro, poupá-lo e fazer com seus lucros ainda mais dinheiro.
Nas páginas seguintes voltamos no tempo à Babilônia, o berço onde foram alimentados os princípios básicos
de finanças agora reconhecidos e usados no mundo inteiro.
O autor sente-se feliz em estender a seus novos leitores o desejo de que estas páginas possam conter para
eles a mesma inspiração para o crescimento da conta bancária, sucessos financeiros estrondosos e a solução de
problemas pessoais com o dinheiro tão entusiasticamente relatados por leitores de costa a costa dos Estados
Unidos.
A todos os homens de negócios que distribuíram estas narrativas em tão generosas quantidades a amigos,
parentes, em- pregados e associados, o autor aproveita a oportunidade para expressar-lhes sua gratidão.
Nenhum respaldo pode ser mais valioso do q ue o desses homens práticos que apreciaram seus ensinamentos,
porque eles, por si mesmos, conseguiram importantes êxitos ao aplicar os princípios verdadeiros que o presente
livro defende.
A Babilônia tornou-se a cidade mais opulenta do mundo antigo porque seus cidadãos eram o povo mais rico de
sua época. Eles sabiam estimar o valor do dinheiro e praticavam princípios financeiros saudáveis na aquisição de
dinheiro, na idéia de poupá-lo e de fazer com que suas economias produzissem mais dinheiro ainda.
Conseguiam para si mesmos o que todos nós hoje desejamos… uma renda para o futuro.

G. S. C.

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Sumário
O homem que desejava ouro…………………………………………….6
O homem mais rico da Babilônia…………………………9
Sete soluções para a falta de dinheiro………….14
A PRIMEIRA SOLUÇÃO ………………………………………………………………………………..15
Comece a fazer seu dinheiro crescer………………………………………………………………….15
A SEGUNDA SOLUÇÃO ………………………………………………………………………………..17
Controlem seus gastos………………………………………………………………………………………17
A TERCEIRA SOLUÇÃO………………………………………………………………………………..18
Multipliquem seus rendimentos…………………………………………………………………………18
AQUARTASOLUÇÃO………………………………………………………………………………………….19
Proteja seu tesouro contra a perda……………………………………………………………………..19
AQUINTASOLUÇÃO…………………………………………………………………………………………….19
Façam do lar um investimento lucrativo…………………………………………………………….19
A SEXTA SOLUÇÃO ……………………………………………………………………………………….20
Assegurem uma renda para o futuro…………………………………………………………………..20
A SÉTIMA SOLUÇÃO ……………………………………………………………………………………..21
Aumente sua capacidade para ganhar ………………………………………………………………..21
Encontrando a deusa da boa sorte…………………….23
As cinco leis de ouro……………………………………………………………….29
AS CINCO LEIS DE OURO …………………………………………………………………………..31
A Primeira Lei de Ouro……………………………………………………………………………………..33
A Segunda Lei de Ouro ……………………………………………………………………………………..33
A Terceira Lei de Ouro……………………………………………………………………………………..33
A Quarta Lei de Ouro ……………………………………………………………………………………34
A Quinta Lei de Ouro ……………………………………………………………………………………..34
O emprestador de dinheiro da
Babilônia………………………………………………………………………………………………..35
As muralhas da Babilônia………………………………………………41
O negociante de camelos da Babilônia……….43
As tabuinhas de argila da Babilônia……………….47
Tabuinha I………………………………………………………………………………………………………….48
Tabuinha II………………………………………………………………………………………………………..49
Tabuinha III …………………………………………………………………………………………………….49
Tabuinha IV………………………………………………………………………………………………………50
Tabuinha V ………………………………………………………………………………………………………..50
O homem de mais sorte da Babilônia…………..52

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Um esboço histórico da Babilônia……………………………61

O dinheiro é o meio através do qualse avalia o sucesso terreno.
Odinheiro torna possível o gozo dasmelhores coisas que a terra pode oferecer.
O dinheiro é abundante para aqueles que compreendem as leis simples que governam sua
aquisição.
O dinheiro é hoje governado pelas mesmas leis que o controlavam quando, há seis mil anos,
homens prósperos enchiam asruas da Babilônia.

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O homem que desejava ouro

BANSIR, o fabricante de carruagens da Babilônia, achava-se completamente desanimado. Sentado no muro baixo
que cercava sua propriedade, contemplava com tristeza a habitação humilde e a oficina aberta onde se podia
ver uma carruagem em fase de acabamento.
De tempos em tempos, a esposa surgia na porta da casa. O olhar furtivo que lhe endereçava nesses
momentos lembrava-o de que a despensa estava quase vazia e que ele devia estar trabalhando para terminar o
serviço encomendado, martelando aqui, cortando ali, lixando e pintando, esticando o couro para forrar os aros das
rodas, em suma, preparando o veículo para a entrega, a fim de que pudesse receber o pagamento de seu rico
cliente.
Não obstante, seu corpo robusto e musculoso permanecia apaticamente sobre o muro. Seu raciocínio lento
ocupava-se com um problema cuja resposta não conseguia encontrar. O sol abrasador, tão comum no vale do
Eufrates, castigava-o sem contemplação. Gotas de suor formavam-se acima de suas sobrancelhas e pingavam
despercebidas para se perderem na mata cerrada de seu peito.
Além de sua casa, erguiam-se as altas muralhas em terrapleno que cercavam o palácio do rei. Próximo,
espetando o céu azul, ficava a colorida torre do Templo de Bel. À sombra de tanta
grandeza achava-se sua moradia e tantas outras muito menos limpas e bem-cuidadas. A Babilônia era assim —
uma mistura de grandeza e miséria, de riqueza ostentatória e mendicidade, tudo convivendo sem plano ou
sistema dentro das muralhas protetoras da cidade.
Atrás dele, se apenas tivesse o cuidado de voltar-se e olhar, as barulhentas carruagens do rico passavam aos
solavancos e obrigavam a sair do caminho tanto o comerciante de sandálias quanto os mendigos de pés
descalços. Até o rico era forçado a buscar a sarjeta para dar passagem às longas filas de escravos
carregadores de água, todos a serviço do rei, cada qual transportando pesados sacos de pele de cabra cheios d
‘água para regar osjardinssuspensos.
Bansir achava-se muito absorvido por seu próprio problema para ouvir ou prestar atenção ao confuso
burburinho da atarefada cidade. Foi uma repentina sucessão de acordes de uma lira familiar que o arrancou ao
devaneio. Ele virou a cabeça e deu de cara com o rosto delicado e sorridente de seu melhor amigo
— Kobbi, o músico.
— Possam os deuses abençoá-lo com grande generosidade, meu bom amigo — começou Kobbi, numa
saudação rebuscada.
— Entretanto, parece que já o fizeram, pois não o vejo entregue ao trabalho. Regozijo-me com você por sua boa
sorte. Mais ainda, gostaria de compartilharisso com você. Por favor, dessa sua bolsa que deve estar abarrotada,
pois do contrário você se encontraria na oficina, me empreste dois humildes siclos, que devolverei logo após o
banquete dos nobres esta noite. Você não chegará a sentir a falta deles.
— Se eu tivesse dois siclos — respondeu Bansir, melancolicamente —, não poderia emprestá-los a ninguém,
nem mesmo a você, que é o meu melhor amigo; pois eles constituiriam minha fortuna, toda a minha fortuna.
Ninguém empresta o único dinheiro que possui, nem mesmo para o melhor amigo.
— O quê!? — exclamou Kobbi, realmente surpreso. — Não tem um único siclo na algibeira, e fica postado como
uma estátua sobre este muro! Por que não terminou a carruagem? Como pode sustentar o seu raro apetite? Isso não é
normal em você, meu amigo. Onde está sua inesgotável energia? Alguma coisa aconteceu com você? Trouxeram-lhe
os deuses algum infortúnio?
— Deve ser mesmo um tormento dos deuses — disse Bansir, concordando. — Tudo começou com um sonho, um
sonho sem sentido onde me via como um homem de posses. De meu cinturão pendia um belo saco, pesado de tanta
moeda. Dali retirava punhados de siclos, que eu lançava, com uma liberalidade descuidosa, aos mendigos; havia
moedas de prata com que eu comprava presentes para a esposa e o que bem desejasse para mim mesmo; havia
moedas de ouro que me tranqüilizavam quanto ao futuro e me deixavam sem medo de gastar à vontade as moedas
de prata. Uma sensação magnífica de contentamento enchia o meu peito! Você não teria reconhecido o seu velho e
diligente amigo. Como não teria reconhecido minha mulher, com suas faces saudavelmente rosadas e sem rugas.
Ela era novamente a mocinha sorridente de nossos primeiros anos de casados.

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— Um sonho agradável, sem dúvida — comentou Kobbi —, mas por que deveriam essas sensações tão
prazerosas deixá-lo apático e deprimido como agora?
— Por que, realmente! Porque, quando acordei e me lembrei de que não tinha um centavo sequer, um sentimento
de revolta tomou conta de mim. Vamos conversar um pouco sobre isso, pois, como dizem os marinheiros, estamos
no mesmo barco, nós dois. Quando meninos, fomos juntos aos sacerdotes do Templo buscar sabedoria. Na
juventude, divertimo-nos um bocado. Gomo homens feitos, mantivemo-nos amigos íntimos. Temos sido de algum
modo súditos conformados. Temos nos contentado em trabalhar longas horas e gastar nossos ganhos
livremente. Conseguimos muito dinheiro nos últimos anos, mas só em sonhos poderíamos conhecer as alegrias
decorrentes da riqueza. Ora! Não passamos de duas ovelhinhas pacatas! Vivemos na mais rica cidade do
mundo. Os viajantes costumam dizer que nenhuma outra se iguala a ela em prosperidade. Tanta ostentação de
riqueza nas nossas barbas, mas nós mesmos ficamos a ver navios. Depois de praticamente meia existência de
trabalho árduo, meu melhor amigo se acha sem um níquel e me procura para dizer: “Não poderia me emprestar a
bagatela de dois siclos até o término do banquete dos nobres esta noite?” E o que respondo? Digo, por acaso:
“Aqui está minha bolsa, dividirei com você todos os siclos que aí se encontram?” Não, simplesmente admito que
minha bolsa está tão vazia quanto a sua. Mas o que há? Por que não podemos obter prata e ouro — mais do que
apenas o necessário para o sustento do lar?
“Pense também em nossos filhos”, continuou Bansir, “não estão seguindo o caminho dos pais? Tem
cabimento que eles e suas famílias, e os filhos e as famílias de seus filhos, passem a vida inteira no meio de
tantos guardadores de ouro e, apesar disso, exatamente como nós, contentem-se com mingau e leite de cabra
azedos?”
— Em todos esses anos de amizade nunca o vi falando desse modo, Bansir. — Kobbi estava perplexo.
— Porque, na verdade, nunca tinha pensado assim. Desde as primeiras luzes da manhã e até que o escuro da
noite me fizesse largar as ferramentas, trabalhei duro para montar as mais finas carruagens que qualquer outro
homem pudesse fazer, esperando credulamente que um dia os deuses reconheceriam o valor de minhas obras e
me recompensariam por isso com a maior prosperidade. Pois nunca o fizeram. Finalmente, convenci-me de que
nunca o farão. É esse o motivo da tristeza que rói o meu peito. Quero ser um homem de posses. Quero ter minha
própria terra e animais para criar, quero ter roupas finas e dinheiro, muito dinheiro. Estou disposto a trabalhar
com toda a força de meus músculos, com toda a perícia de minhas mãos, com todo o tirocínio de minha mente,
mas quero que os frutos de meu trabalho sejam fartos. Qual é o problema com a gente? E o que volto a lhe
perguntar! Por que não podemos ter o nosso justo quinhão das coisas boas, tão abundantes naqueles que têm
ouro suficiente para comprá-las?
— Quem dera tivesse uma resposta! — replicou Kobbi. — Sinto-me tão pouco satisfeito quanto você. Meus
ganhos com a lira se vão rapidamente. Muitas vezes tenho que inventar para que a família não passe fome.
Além disso, venho há muito alimentando o profundo desejo de adquirir uma lira grande o bastante para que possa
verdadeiramente tocar os acordes musicais que se multiplicam em minha mente. Com um instrumento assim, eu
poderia compor músicas melhores do que aquelas que o rei ouviu até o momento.
— Com uma lira que você, sem qualquer favor, deveria ter. Nenhum homem em toda a Babilônia poderia
fazê-la vibrar mais docemente; a tal ponto que não apenas o rei, mas os próprios deuses ficariam deliciados.
Como, porém, conseguir tal coisa, se nós dois somos tão pobres quanto os escravos do rei? Ouça o sino! Aí vêm
eles.
Ele apontou na direção da longa coluna de semidespidos e suarentos carregadores de água que subiam
penosamente a rua, vindo do rio. Arrastavam-se em alas de cinco, cada qual vergado sob um pesado odre de pele
de cabra.
— Um belo tipo de homem, aquele que os está conduzindo. — Kobbi indicou o tocador do sino, que ia na
frente, sem carregar nada. — Um homem importante em seu próprio país, como se pode ver.
— Há muitos bons tipos ali—acrescentou Bansir, concordando com o amigo —, homens tão bons quanto nós.
Homens altos e louros do norte, os risonhos negros do sul, os morenos dos países mais próximos. Todos
marchando juntos do rio até os jardins, um após outro, dia após dia, ano após ano. Nenhuma expectativa
quanto a um futuro diferente ou melhor. Camas de palha para dormir e papas terríveis de cereais para comer.
Coitados desses pobres brutos, Kobbi!

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— Coitados, realmente. Mas você me faz ver que não somos muito melhores do que isso, embora nos
consideremos homens livres.
— É verdade, Kobbi, por mais desagradável que seja a idéia. Não queremos continuar levando ano após ano
uma vida de escravos. Trabalho, trabalho, trabalho! Sem ir a lugar algum.
— Não podemos descobrir como outros conseguem ouro e fazermos como eles? — perguntou Kobbi.
— Talvez haja algum segredo que devamos buscar junto àqueles que o conhecem — replicou Bansir,
pensativo.
— Ainda hoje — lembrou Kobbi — passei por nosso velho amigo, Arkad, refestelado em sua carruagem
dourada. Devo dizer que ele não me olhou com o desprezo que muitos de sua posição teriam achado
perfeitamente cabível. Ao contrário, acenando com a mão na frente de todos os circunstantes, saudou e concedeu
seu sorriso de amizade a este Kobbi, o músico.
— Ele é considerado o homem mais rico de toda a Babilônia
— refletiu Bansir.
—Tão rico que o próprio rei, segundo se diz, busca sua valiosa ajuda para os negócios do tesouro — replicou
Kobbi.
— Tão rico — acrescentou Bansir — que, se o encontrasse casualmente numa noite escura, seria capaz de
enfiar minha mão em sua gorda algibeira.
—Tolice — reprovou Kobbi —, a riqueza de um homem não se acha na bolsa que ele carrega. Uma bolsa gorda
fica logo vazia se não houver um constante fluxo de ouro. Arkad tem rendimentos que conservam suas reservas
sempre altas, por maior que seja a liberalidade com que gasta dinheiro.
— Rendimentos, essa é a questão — exclamou Bansir. — Quero ter uma renda fluindo continuamente para
minha bolsa, esteja eu sentado sobre o muro ou viajando em terras distantes. Arkad deve saber como um homem
pode criar uma renda para si mesmo. Supõe que se trate de alguma coisa que ele poderia deixar claro para uma
mente tão lenta como a minha?
— Parece-me que ele transmitiu seus conhecimentos ao filho, Nomasir—respondeu Kobbi. — Este não foi
para Nínive e, como se comenta na estalagem, não se tornou, sem a ajuda do pai, um dos homens mais ricos dessa
cidade?
— Kobbi, você acaba de me propiciar um raro pensamento.
— Um brilho novo surgiu nos olhos de Bansir.—Não custa nada buscar conselho junto a um bom amigo, e Arkad
sempre se mostrou como tal para nós dois. Pouco importa que nossa bolsa esteja tão vazia como o ninho de um
falcão abandonado há um ano. Não deixemos que isso nos detenha. Estamos fartos de não ter ouro no meio de
tanta opulência. Queremos torn ar-nos homens de posses. Vamos, vamos procurar Arkad e perguntar-lhe
tomo também nós podemos adquirir uma renda para nós mesmos.
– Você parece verdadeiramente inspirado, Bansir. Está me trazen do uma nova compreensão. E me faz
perceber por que nunca encontramos nenhuma quantidade de ouro. Nós nunca o procuramos. Você
trabalhou pacientemente para construir as mais sólidas carruagens da Babilônia. Para tal propósito devotou
seus melhores esforços. Nisso, até que teve êxito. Eu mesmo fiz os maiores esforços para tornar-me um
virtuose da lira. E nisso eu também tive êxito.
— Nas coisas em que aplicamos nossos melhores esforços tivemos êxito. Os deuses parecem satisfeitos com
que continuemos assim. Agora, finalmente, vemos uma luz, brilhante como os raios do sol nascente. Ela nos
indica que devemos aprender mais para prosperar mais. Com um novo entendimento, acharemos caminhos
dignos para cumprir nossos desejos.
— Vamos hoje mesmo à procura de Arkad — insistiu Bansir. — Busquemos igualmente outros amigos de
infância que não tiveram maior sucesso que nós mesmos, para que compartilhem conosco as mesmas lições.
— Está sempre pensando nos outros, Bansir. E por isso que tem tantos amigos. Será como você diz. Pois
vamos hoje mesmo e os levemos conosco.

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O homem mais rico da Babilônia

ERA UMA VEZ, na antiga Babilônia, um homem muito rico chamado Arkad. Conhecido em toda parte
devido a uma imensa riqueza, tornara-se igualmente famoso pela liberalidade. Mostrava-se generoso
com os mais necessitados e com a família, sendo um homem pródigo em suas próprias despesas.
Entretanto, a cada dia sua riqueza crescia mais rapidamente do que podia gastá-la.
E houve alguns amigos da juventude que vieram até ele, dizendo-lhe:
— Você, Arkad, é mais venturoso do que nós. Você se tornou o homem mais rico de toda a Babilónia, enquanto
nós lutamos para sobreviver. Pode usar as mais finas roupas e degustar as mais requintadas iguarias,
enquanto nós devemos nos dar por satisfeitos se apenas propiciamos à família uma indumentária decente ou a
alimentamos da melhor maneira possível.
“Contudo, alguma vez fomos iguais. Tivemos o mesmo professor, participamos das mesmas brincadeiras, e
nem nos estudos nem nas brincadeiras você se sobressaiu mais do que nós. E nos anos que se seguiram você foi
um cidadão tão honrado quanto nós.
“Tampouco trabalhou mais duro ou mais assiduamente, pelo menos até onde sabemos. Por que então deveria o
caprichoso destino escolhê-lo para gozar de todas as boas coisas da vida e ignorar-nos, a nós que igualmente
somos merecedores?
Após o que Arkad protestou com eles, dizendo por sua vez:
— Se vocês não adquiriram mais do que uma pobre existência desde os tempos em que éramos jovens, isso
se deve a que não conseguiram aprender ou não observaram as leis que governam a acumulação de riqueza.
“O ‘voluntarioso Destino’ é um deus cheio de malícia que não assegura um bem duradouro para
ninguém. Ao contrário, ele traz ruína para quase todo homem sobre quem faz chover ouro não conquistado.
Ele produz os gastadores libertinos, que logo dissipam tudo o que recebem e se deixam dominar pelos mais
extravagantes apetites, que nem sempre podem satisfazer. Outros ainda, a quem esse caprichoso deus
favorece, tornam-se avarentos e entesouram sua riqueza, temendo despender o que têm por saberem que
não são capazes de repô-lo. São além disso assediados pelo medo de roubo e acabam construindo para si
mesmos uma vida de necessidades e secreta tristeza.
“Há provavelmente outros que conseguem dinheiro fácil e o aumentam, sem deixar de se sentirem felizes
e abastados cidadãos. Mas são tão poucos que só sei deles por ouvir dizer. Pensem nessas pessoas que de
repente se viram herdando uma riqueza e confiram se as coisas não se passam assim.”
Os amigos admitiram que a respeito dos conhecidos que tinham herdado uma fortuna aquelas palavras
eram realmente verdadeiras e suplicaram-lhe que explicasse a eles como tinha conseguido juntar tantos
bens.
— Ainda em plena juventude — continuou Arkad —, eu olhava em minha volta e observava todas
aquelas boas coisas capazes de propiciar felicidade e contentamento. Percebi então que a riqueza
aumentava ainda mais a potência delas.
“A riqueza é um poder. Com a riqueza, muitas coisas se tornam possíveis.
“Este pode embelezarsua casa com os móveis maisrefinados.
“Aquele pode viajar pêlos mares distantes.
“Esse outro pode regalar-se com as finas iguarias de terras longínquas.
“Outro mais pode comprar ornamentos lavrados em ouro ou cravejados de pedras preciosas.
“Pode-se mandar construir templos magníficos para os deuses.
“E possível, enfim, fazer todas essas coisas e muitas outras, onde sempre haverá deleite para os sentidos e
gratificação para a alma.
“E, quando percebi tudo isso, declarei a mim mesmo que reivindicaria o meu quinhão entre as boas coisas
da vida. Não seria nenhum desses que se mantêm a distância, observando invejosamente os prazeres do outro.
Não me contentaria em vestir roupas baratas que parecem respeitáveis. Não me daria por satisfeito com a
parte que cabe a um homem pobre. Ao contrário, faria de mim mesmo um conviva nesse banquete de boas
coisas.

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“Sendo, como sabem, filho de um humilde comerciante, membro de uma grande família sem qualquer
expectativa de herança, e não me achando dotado, como me disseram vocês com tanta franqueza, de poderes
superiores ou talentos especiais, decidi que, se realmente quisesse conseguir tudo o que desejava, precisaria
basicamente de tempo e estudo.
“Todos os homens têm tempo em abundância. Cada um de vocês vem deixando escapar tempo suficiente
para tornar-serico. E ainda, como admitem, não têm nada para apresentar senão suas boas famílias, de que, aliás,
podem com justiça orgulhar-se.
“Quanto ao estudo, nosso sábio professor não nos ensinou que o aprendizado consistia em dois tipos: o
primeiro cuidando das coisas que aprendíamos e sabíamos, o outro baseando-se naprática que nos ajuda a
encontrar aquilo que não conhecemos?
“Assim, resolvi-me a investigar como alguém consegue acumular riqueza e, quando descobrisse, tornar tal
coisa minha própria tarefa e realizá-la bem. Pois não é justo que devamos gozar enquanto permanecemos sob a
brilhante luz do sol, compensando os sofrimentos que teremos de enfrentar quando par t irmos para a escuridão
do mundo do espírito?
“Empreguei-me como escriba na sala de registros e todos os dias trabalhei horas sem conta sobre as
tabuinhas de argila. Semana após semana, mês após mês, dei um duro danado sem que os meus vencimentos
dessem mostras de crescer. Comida, roupa, os compromissos para com os deuses, além de outras coisas de que
já não consigo lembrar-me, consumiam tudo o que eu ganhava. Mas minha determinação continuou de pé.
“E um dia Algamish, o homem que empresta dinheiro, veio até a administração da cidade e solicitou uma cópia
da Nona Lei, dizendo-me: ‘Preciso disso em dois dias; se me entregar as cópias no prazo, pode contar com duas
moedas de cobre pelo serviço.’
“Trabalhei arduamente, mas o texto da lei era muito comprido, e quando Algamish voltou eu ainda não tinha
terminado a transcrição. Ele ficou uma fera e teria me dado uma boa surra se eu fosse seu escravo. Sabendo,
porém, que não lhe era permitido agredir-me no prédio da administração, não senti qualquermedo e disse-lhe:
‘Algamish, você é um homem realmente rico. Diga-me como posso também tornar-me rico, e prometo-lhe que
passarei a noite em claro entalhando as tabuinhas. Assim que o sol nascer, estarão prontas.’
“Ele sorriu e respondeu-me: ‘Você é um belo tratante, mas vamos considerarisso como uma transação.’
“Gravei durante toda a noite, embora minhas costas doessem e o cheiro de óleo queimado do candeeiro fizesse
minha cabeça latejar a ponto de deixar-me os olhos em frangalhos. Mas quando ele voltou, em plena alvorada, as
tabuinhas estavam prontas.
” ‘Agora’, disse-lhe, ‘cumpra sua promessa.’
” ‘Você fez a sua parte em nossa transação, meu filho’, disse-me ele, com benevolência, ‘e estou pronto para
fazer a minha. Vou lhe falar das coisas que deseja saber porque estou envelhecendo, chegando à idade em que
já não se consegue segurar a língua. E quando a juventude busca o conselho dos mais velhos ela recebe a
sabedoria dos anos. Muito frequentemente, porém, a juventude pensa que o idoso detém apenas a experiência
dos dias que se foram e por isso não a aproveita. Lembre-se que o sol que brilha hoje é o sol que brilhou quando seu
pai nasceu e que continuará brilhando quando seu último neto tiver passado para o mundo dos mortos.’
” ‘Os pensamentos da juventude’, continuou ele, ‘são luzes resplandecentes que brilham como meteoros que
muitas vezes tornam o céu reluzente, mas a experiência dos mais velhos assemelha-se a estrelas fixas que, sem
mudar de lugar, auxiliam o marinheiro a orientar o seu curso.’
” ‘Guarde bem minhas palavras, pois do contrário deixará de assimilar a verdade do que lhe contarei e pensará
tersido em vão todo o trabalho que teve durante essa noite.’
“Então ele me olhou com perspicácia por baixo das peludas sobrancelhas e disse num tom lento e enérgico: ‘Achei
o caminho para a riqueza quando decidi que conservaria comigo uma parte de tudo queganhasse.Eassimfará você.’
“E continuou me olhando com uma insistência que parecia ir ao fundo de minha alma, mas não disse mais nada.
” ‘É tudo?’, perguntei.
” ‘Foi o suficiente para transformar o coração de um pastor de ovelhas no coração de um emprestador de dinheiro’,
replicou ele.
” ‘Mastudo o que ganho não vem mesmo para o meu bolso?’, perguntei.
” ‘Nada mais falso’, respondeu ele. ‘Você não paga pelas roupas e pelas sandálias que usa? Não paga pelas
coisas que come? Consegue viver na Babilónia sem fazer despesas? O que tem para apresentar do que recebeu no mês

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passado? E de tudo quanto ganhou no último ano? Louco! Você paga a todo mundo, menos a si mesmo. Idiota, está
trabalhando para os outros. Bem melhor do que isso faz o escravo, que trabalha para o seu dono em troca de roupa e
comida. Se guardasse para si mesmo um décimo de tudo o que ganha, quanto teria dentro de dez anos?’
“Meu conhecimento dos números não me desamparou, e respondi: ‘Ora, o equivalente a um ano de trabalho.’
” ‘Pois está dizendo apenas meia verdade’, retorquiu ele. ‘Cada moeda de ouro que economizar é um escravo que
pode trabalhar para você. Cada cobre que essa moeda produzirtorna-se um filho apto a levantar mais fundos. Se
quiser tornar-se rico, então tudo o que você economizar deve ser utilizado no sentido de proporcionar-lhe toda a
abundância por que anseia.’
” ‘Você pensa que o estou ludibriando por sua longa noite de trabalho’, continuou ele, ‘mas em minhas
palavras há uma fortuna, se for suficientemente inteligente para perceber a verdade que acabo de pôr em suas
mãos.’
” ‘Uma parte de tudo o que ganha pertence exclusivamente u você. No mínimo, um décimo, mesmo nas
ocasiões em que tiver recebido pouco dinheiro. Pode ser mais, de acordo com o que produzir. Pague a si mesmo
primeiro. Não compre ao fazedor de roupas ou ao fazedor de sandálias mais do que possa pagar com o restante,
devendo ainda separar o bastante para alimentar-se, ajudar o próximo e pôr em dia as obrigações com os
deuses.’
” ‘A riqueza, como uma árvore, cresce a partir de uma simples semente. A primeira moeda de cobre que
economizar será a semente a partir da qual sua árvore da riqueza crescerá. Quanto mais cedo plantá-la, mais
cedo a árvore crescerá. E quanto mais fielmente alimentar e regar essa árvore com economias constantes, logo
chegará o dia em que poderá abrigar-se em pleno contentamento embaixo de sua sombra.’
“Tendo dito isso, pegou suas tabuinhas e foi embora.
“Pensei muito a respeito do que ele me dissera, e suas palavras me pareceram razoáveis. Assim, decidi fazer a
experiência. Sempre que recebia um pagamento, tirava e guardava uma em cada dez moedas de cobre. E,
estranho como possa parecer, não fiquei mais desprovido de fundos do que antes. Percebi pequena diferença
quando comecei a me arranjar sem isso, mas freqüentemente me via tentado, à medida que minha reserva
crescia, a utilizá-la para adquirir as boas coisas que os mercadores ofereciam, objetos trazidos por camelos e
navios da terra dos fenícios. Prudentemente, porém, consegui refrear o impulso.
“Doze meses se tinham passado quando Algamish voltou a me procurar, dizendo-me: ‘E então, meu filho, pagou a
si mesmo não menos de um décimo sobre tudo quanto ganhou no ano passado?’
“Respondi todo orgulhoso: ‘Sem dúvida, mestre, foi exata-mente o que fiz.’
” ‘Ótimo’, comentou, abrindo um largo sorriso para mim, ‘e o que fez com essa reserva?’
” ‘Entreguei-a a Azmur, o oleiro, que me disse estar viajando pelos mares distantes e que em Tiro compraria para
mim jóias valiosíssimas, só encontradas na Fenícia. Quando voltar, poderemos vendê-las a preço bem mais alto e
dividiremos oslucros.’
” ‘Bem, os loucos precisam mesmo aprender’, rosnou ele, ‘mas por queconfiar nos conhecimentos de um oleiro
sobre jóias? Você procuraria o padeiro para colher informações sobre as estrelas? Não, por minha túnica, iria até um
astrólogo, se pelo menos tivesse cabeça para pensar. Suas economias se foram, meu jovem, você arrancou sua
árvore da riqueza pelas raízes. Contudo, plante outra. Tente novamente. E da próxima vez em que precisar de
conselhos sobre jóias, corra até um ourives. Se quiser conhecer a fundo as ovelhas, procure o pastor que cuida delas.
Conselho é uma coisa que se dá de graça, mas deve guardar consigo apenas o que lhe parece valioso. Aquele que
aceita conselhos sobre suas economias junto a pessoas inexperientes em tais matérias pagará com essas mesmas
economias para provar a falsidade da opinião dos outros.’ Dizendo isso, Algamish partiu.
“E aconteceu realmente como ele tinha previsto. Pois os fenícios são salafrários e venderam a Azmur pedaços de
vidro sem valor que pareciam pedras preciosas. Mas, seguindo as palavras de Algamish, voltei a economizar, mesmo
porque já tinha formado o hábito e isso não constituía para mim nenhuma dificuldade.
“Mais uma vez, doze meses depois, Algamish apareceu na sala dos escribas e dirigiu-se a mim. ‘Que
progressos andou fazendo desde a última vez em que nos vimos?’
” ‘Paguei a mim mesmo religiosamente’, respondi, ‘e confiei minhas economias a Agger, o fazedor de escudos, para
comprar bronze. A cada quatro meses ele me paga uma parte doslucros.’
” ‘Ótimo. E o que tem feito com esse dinheiro extra?’

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” ‘Dei uma festa com mel, vinho e iguarias de primeira. E comprei também uma túnica escarlate. Qualquer
dia desses devo comprar um burrico para os meus deslocamentos.’
“Algamish não disfarçou o riso: ‘Você está comendo os filhos de suas economias. Como pode esperar que
trabalhem para você? Como eles mesmos poderão ter filhos que venham a produzir mais renda para você?
Primeiro reúna um exército de escravos dourados, e só então poderá refestelar-se com banquetes ricos sem
sentir remorsos.’ E, assim dizendo, partiu novamente.
“Não voltei a vê-lo durante dois anos, até que reapareceu, o rosto sulcado pelas rugas, os olhos visivelmente
cansados, pois ele se achava então numa idade bastante avançada. Disse-me: ‘Arkad, conseguiu afinal obter a
riqueza com que sonhava tanto?’
“Respondi-lhe: ‘Não ainda tudo que desejo, mas já tenho alguma coisa que rende muito bons lucros, que,
por sua vez, fazem outro tanto.’
” ‘E você ainda busca o conselho dos oleiros?’
” ‘Bem, o que eles dizem sobre como fabricar tijolos é realmente muito bom’, retorqui.
” ‘Arkad’, continuou ele, ‘você aprendeu bem suas lições. Aprendeu primeiro a viver com menos do que
podia ganhar. Depois aprendeu a aconselhar-se junto àqueles cuja competência deriva de suas próprias
experiências. E, finalmente, aprendeu a fazer o ouro trabalhar para você.
” ‘Você ensinou a si mesmo como adquirir dinheiro, poupá-lo e usá-lo. Reuniu, portanto, condições para ocupar
uma posição de confiança. Estou me tornando muito velho. Meus filhos só pensam em gastar e não dão a
menor importância aos ganhos. Meus negócios são grandes, e até grandes demais para que eu possa cuidar de
tudo. Se você concordar em ir para Nippur, a fim de tomar conta das terras que possuo na região, torná-lo-ei
meu sócio, e você participará de meu testamento.’
“Assim, fui para Nippur e comecei a administrar suas propriedades, que eram imensas. E como estivesse cheio de
ambição e dominasse astrêsleis que nos ensinam a lidar de maneira exitosa com a riqueza, tive condições de aumentar
ainda mais o valor de seus bens. Prosperei muito e, quando o espírito de Algamish partiu para a esfera da escuridão,
vi-me como um beneficiário legalmente reconhecido de sua herança.”
Assim falou Arkad, e, quando terminou sua narrativa, um dos amigos alireunidos disse:
— Você inclusive deu a sorte de que Algamish o tivesse nomeado um de seus herdeiros.
— Minha sorte limita-se ao fato de que desejava prosperar antes de tê-lo encontrado pela primeira vez. Não tive
que provar durante quatro anos minha determinação de propósito, reservando para mini mesmo um décimo de tudo
que auferia? Você chamaria de sortudo o pescador que, tendo passado anos estudando os hábitos dos peixes, por
uma simples mudança do vento soubesse onde jogar sua rede? A oportunidade é uma deusa desdenhosa que não
perde tempo com os que não estão preparados.
— Você teve uma tremenda força de vontade em continuar poupando depois de ter perdido as economias do
primeiro ano.Nisso, foi extraordinário — disse um outro.
— Força de vontade! — retorquiu Arkad. — Bobagem. Você acredita que a força de vontade seja capaz de dar a um
homem energia suficiente para erguer um peso que o camelo não pode carregar ou puxar uma carroça que os
próprios bois não conseguem levar adiante? A força de vontade não passa de um propósito inflexível para dar
conta de uma tarefa a que você mesmo se obrigou. Se eu determinar para mim mesmo uma tarefa, por mais boba
que seja, terei de levá-la a cabo. Como poderia de outro modo ter confiança em mim para fazer coisasimportantes?
Se me dissesse: “Durante cem dias, quando eu cruzar a ponte na cidade, apanharei uma pedra do chão e a
jogarei dentro do rio”, eu o faria. Se no sétimo dia passasse por ali sem me lembrar da resolução tomada, não diria:
“Amanhã jogarei duas pedras em vez de uma.” Ao contrário, voltaria e atiraria a pedra ao rio. Tampouco seria
capaz de me dizerlá pelo vigésimo dia: “Arkad, isso não tem utilidade alguma. Que proveito tem para você atirar uma
pedra ao rio todos os dias? Arremesse logo um bom número delas e acabe com isso.” Não, também não conseguiria
pensar desse modo. Quando me decido por uma tarefa, vou até o fim. Conseqüentemente, tomo muito cuidado para
não começartarefas difíceis e impraticáveis, porque tenho meu conforto íntimo em alta conta.
— Se o que diz é verdadeiro — aparteou um terceiro interlocutor — e parece, como afirmou, razoável, sendo tão
simples,se todos os homens o fizessem não haveria bastante riqueza para todos.
— A riqueza cresce onde quer que os homens empreguem energia — replicou Arkad. — Se um homem rico
constrói um novo palácio para si, o ouro despendido vai embora? Não. O oleiro, o operário e o arquiteto
participam desse ouro. E quem quer que trabalhe na obra participa dele. Mesmo depois de construído, o palácio

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não vale tudo quanto custou? E o terreno sobre o qual se ergue não passa a valer mais pelo próprio fato de abrigá-lo?
E os terrenos circunvizinhos não se tornam igualmente valorizados? A riqueza cresce através de meios mágicos.
Ninguém pode estabelecer um limite para isso. Não construíram os fenícios grandes cidades em costas inóspitas
com a riqueza proveniente de seus navios mercantes?
— O que poderia nos aconselhar para que também nós nos tornemos ricos — perguntou um outro dos amigos. —
Os anos passaram, não somos maisjovens e não guardamos nada.
— Aconselho-os a fazer uso da sabedoria de Algamish e dizer a si mesmos: “Uma parte de tudo o que eu ganhar pertencea
mim.” Digam isso pela manhã assim que acordarem, à tarde, à noite, em todas as horas do dia. Digam isso a si
mesmos até que as palavrasse transformem em letras de fogo gravadas no céu.
“Impregnem-se com a idéia. Ocupem toda a alma com esse pensamento. E assimilem tudo que lhes pareça sábio.
Separem não menos de um décimo e economizem. Façam todas as despesas necessárias, mas poupem primeiro
essa pequena cota. Cedo vão experimentar a deliciosa sensação de um tesouro cuja posse cada um de vocês tem
legitimamente condições de reivindicar. Quanto mais ele crescer, mais se verão estimulados. Vibrarão com uma

nova alegria de viver. Encararão a possibilidade de maiores esforços para ganharem mais. Pois não estarão reser-
vando,sobre oslucros maiores, a mesma percentagem?

“Aprendam portanto a fazer com que seu tesouro trabalhe para vocês. Tornem-no seu escravo. Façam seus
filhos e os filhos de seusfilhostrabalharem para vocês.
“Assegurem uma renda para o futuro. Olhem para os mais idosos e não esqueçam que dia virá em que
também vocês estarão velhos. Por isso, invistam seu tesouro com toda a cautela do mundo. Taxas usurárias de
retorno são sereias enganosas, que cantam, naturalmente, mas para lançar o incauto contra as rochas do
desperdício e do remorso.
“Providenciem para que sua família não deseje que os deuses os chamem para o reino deles. E sempre possível
garantir tal proteção com pequenos pagamentos a intervalos regulares. Por isso, o homem previdente não perde
tempo esperando que apareça uma grande soma, a fim de utilizá-la em tão prudente propósito.
“Busquem o conselho dos homens sábios. Procurem informar-se com pessoas cujo trabalho cotidiano é o
manuseio do dinheiro. Deixem que elas os protejam de erros como os que eu mesmo cometi ao entregar minhas
economias a Azmur, o oleiro. Um retorno pequeno e certo é uma coisa mais desejável que o risco.
“Aproveitem a vida enquanto estiverem aqui. Não exagerem nem tentem economizar demais. Se um décimo de
tudo que ganharem é o que vocês podem confortavelmente poupar, contentem-se com essa porção. Por outro lado,
vivam de acordo com suas rendas e não sejam sovinas nem temerosos ao gastar. A vida é boa e rica com coisas que
valham a pena e causem prazer.”
Seus amigos agradeceram-lhe por aquelas palavras e se foram. Alguns mantiveram-se em silêncio, porque não
tinham imaginação e não podiam entender. Outros mostraram-se sarcásticos, porque pensavam que um homem
tão rico deveria compartilhar sua fortuna com velhos amigos menos afortunados. Um terceiro grupo, entretanto,
parecia ter nos olhos uma nova luz. Perceberam que Algamish tinha voltado regularmente à sala dos escribas,
porque estava observando um homem que por seus próprios esforços saía da escuridão para a luz. Quando esse
homem achou a luz, um lugar esperava por ele. Ninguém podia ocupar esse lugar sem que pêlos próprios
esforços chegasse à compreensão, ou seja, até que estivesse pronto para a oportunidade.
As pessoas desse terceiro grupo foram as únicas que, nos anos que se seguiram, continuaram visitando Arkad,
que as recebia cheio de contentamento. Reunia-se com elas e transmitia-lhes de bom grado sua sabedoria,
como gostam sempre de fazer os homens de grande experiência. E assistia-os quanto a investirem suas
economias naquilo que trouxesse lucros com segurança, evitando que apostassem em coisas que não rendessem
dividendos.
O momento decisivo na vida desses homens ocorreu quando compreenderam a verdade que tinha passado de
Algamish para Arkad e de Arkad para eles.

“Uma parte de todos osseus ganhos pertence exclusivamente a
você”

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Sete soluções para a falta de dinheiro
A GLÓRIA DA Babilônia permanece. Através das idades,sua reputação chega até nós como a
mais rica das cidades, e seus tesouros, como fabulosos.
Mas nem sempre tinha sido assim. As riquezas da Babilônia foram o resultado da sabedoria de seu povo. Eles
primeiro tiveram que aprender a se tornarem prósperos.
Quando o bom Rei Sargon voltou à Babilônia, depois de ter derrotado seus inimigos, os elamitas, viu-se
confrontado com uma séria situação. O chanceler real explicou-lhe o que estava se passando:
— Depois de muitos anos da grande prosperidade trazida a nosso povo, porque Sua Majestade mandou
construir os grandes canais de irrigação e os suntuosos templos para nossos deuses, agora que tais obras se
acham prontas o povo parece incapaz de garantir sua própria sobrevivência.
“Os trabalhadores estão desempregados. Os comerciantes contam com poucos fregueses. Os fazendeiros não
conseguem vender suas colheitas. O povo em geral não tem dinheiro para comprar comida.”
— Mas onde foi parar todo o ouro que gastei nessas benfeitorias? — perguntou o rei.
— Temo que se encontre no bolso — respondeu o chanceler — de alguns poucos homens ricos de nossa cidade.
Escorreu pelos dedos da maioria das pessoas tão rapidamente quanto o leite das cabras pelo coador. Agora que
o fluxo de ouro cessou, o grosso da população não tem nada para apresentar dos seus ganhos.
O rei ficou pensativo por algum momento, depois perguntou:
— Por que deveriam tão poucos homens serem capazes de adquirirtodo o ouro?
— Porque sabem como fazê-lo — replicou o chanceler. — Não se pode condenar um homem por ter sabido
atrair o êxito. Tampouco se pode com justiça tirar de um homem que construiu honestamente sua fortuna para
dividir com outros que não tiveram tal capacidade.
— Mas por que — insistiu o rei — não deveria todo o povo aprender a acumular riqueza e,
conseqüentemente, tornar a si mesmo rico e próspero?
— Até que seria possível, majestade. Mas quem pode ensinar-lhes? Certamente não os sacerdotes, já que nada
conhecem a respeito de ganhar dinheiro.
— Quem, chanceler, em nossa cidade é o mais bem preparado nessas questões de fazer fortuna? — inquiriu o
rei.
— Eis uma pergunta que já traz embutida a própria resposta, majestade. Quem acumulou a maior riqueza em
toda a Babilônia?
— Muito bem dito, chanceler. Trata-se de Arkad. Ele é o homem mais rico da Babilónia. Traga-o até o
palácio amanhã cedo.
No dia seguinte, como o rei havia determinado, Arkad apresentou-se diante dele lépido e fagueiro, a despeito
de seus setenta anos de idade.
— Arkad — disse o rei —, é verdade que você é o homem maisrico da Babilónia?
— É o que se costuma dizer, majestade, sem que ninguém tenha aparecido para contestá-lo.
— Como se tornou tão rico? — Aproveitando as oportunidades disponíveis a todos os cidadãos de nossa boa
cidade.
— Mas naturalmente começou com alguma coisa…
— Somente com o desejo de serrico. Além disso, mais nada.
— Arkad — continuou o rei —, nossa cidade encontra-se numa péssima situação, porque alguns poucos
sabem como ganhar dinheiro e, conseqüentemente, monopolizam-no, enquanto a massa dos cidadãos
não sabe guardar uma parte sequer do que recebem.
“É meu desejo que a Babilónia seja a cidade mais rica do mundo. Precisa portanto ser uma cidade de
muitos homens ricos. Assim, temos de ensinar a todas as pessoas como adquirir riqueza. Diga-me, Arkad, existe
algum segredo para isso? Trata-se de algo que possa ser ensinado?”
— Naturalmente, majestade. Tudo o que um homem conhece pode ser ensinado a outros. Os olhos do rei
brilharam.

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— Arkad, você acaba de pronunciaras palavras que eu queria ouvir. E se você mesmo se incumbisse dessa
nobre causa? Não gostaria de formar com seus conhecimentos uma escola de professores, cada um dos quais
educaria outros até que tivéssemos um quadro amplo o bastante para levar essas verdades a todos os súditos
honestos de meu reino?
Arkad inclinou-se e disse:
— Sou um humilde servo a suas ordens. Darei de bom grado todo o conhecimento que possuo pelo
aperfeiçoamento de meus semelhantes e pela glória de meu rei. Faça com que seu bom chanceler me arrume
uma turma de cem homens e lhes ensinarei essas sete soluções que acabaram por resolver todas as minhas
questões de dinheiro, quando, talvez, no início, não houvesse em toda a Babilônia um cidadão mais atrapalhado
do que eu.
Duas semanas depois, de acordo com as ordens do rei, os cem escolhidos reuniram-se no grande saguão do
Templo do Saber, sentados em semicírculo, formando fileiras multicoloridas. À frente deles achava-se Arkad,
ocupando um tamborete acima do qual ardia um candeeiro sagrado, origem do forte e agradável aroma que se
espalhava pela sala.
— Veja, o cidadão mais rico da Babilónia — murmurou um estudante, cutucando um vizinho quando Arkad se
levantou. — Não passa de um homem como qualquer um de nós.
— Como um respeitoso súdito de nosso grande rei — começou Arkad —, encontro-me diante de vocês a
serviço dele. Considerando que alguma vez fui um pobre jovem que alimentava o forte desejo de adquirir ouro
e que, nessa busca, acumulou conhecimentos que o capacitaram a isso, ele determinou que eu viesse até aqui para
transmitir a vocês tudo que aprendi.
“Comecei minha fortuna de modo bastante humilde. Não tinha maior vantagem do que aquela de que todos
vocês e qualquer outro cidadão da Babilônia dispõem.
“O primeiro depósito de meu tesouro foi uma bolsa já gasta pelo uso. Eu detestava vê-la imprestavelmente
vazia. Queria que estivesse gorda e repleta, tilintando ao som do ouro. Por isso, busquei todos os remédios
possíveis para conseguir uma bolsa cheia. Achei sete.
“Assim, explicarei aos que se acham reunidos nesta sala as sete soluções para a falta de dinheiro, que
recomendo a todos aqueles que anseiam por bastante ouro. Consagrarei cada um dos dias da semana a um
desses remédios.
“Ouçam atentamente tudo quanto lhes disser. Debatam o assunto comigo. Discutam-no entre vocês mesmos.
Aprendam meticulosamente estas lições, para que também possam plantar em suas próprias bolsas a semente da
riqueza. Primeiro cada um de vocês deverá sabiamente construir a própria fortuna. Quando tiverem acumulado
competência suficiente para isso, estarão aptos a passar adiante tais verdades.
“Ensinar-lhes-ei meios simples para engordar a própria bolsa. Este é o primeiro degrau que conduz ao templo
da riqueza, aonde ninguém pode chegar se não tiver condições de pôr firmemente os pés nesse primeiro degrau.
“Consideremos agora a primeira solução.”

A PRIMEIRA SOLUÇÃO

Comece a fazer seu dinheiro crescer

Arkad dirigiu-se a um homem pensativo na segunda fila.
— Meu bom amigo, qual é o seu ofício?
— Sou um escriba — respondeu o homem—e gravo registrossobre tabuinhas de argila.
— A profissão em que eu mesmo ganhei minhas primeiras moedas de cobre. Conseqüentemente, você tem a
mesma oportunidade para construir uma fortuna.
Descobriu em seguida um participante de rosto corado, um pouco mais atrás.
— Conte-nos, por favor, o que faz para ganharseu pão.

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— Sou um açougueiro — respondeu ele. — Compro cabras a seus criadores, abato-as, vendo a carne para as
donas de casa e o couro para osfazedores de sandálias.
— Uma vez que trabalha e ganha regularmente o seu dinheiro, você tem as mesmas condições que tive de ser
bem-sucedido.
E assim procedeu Arkad com todos os presentes, a fim de saber de que modo cada um deles conseguia o
próprio sustento. Terminada a inquirição, disse:
— Assim, caros discípulos, podemos ver que existem muitos negócios e ocupações cujo exercício confere às
pessoas a oportunidade de obter seus ganhos. Cada uma dessas maneiras de remuneração é uma torrente de
ouro da qual o trabalhador pode desviar uma porção para sua própria reserva. Assim, na bolsa de cada um de
vocês há um fluxo maior ou menor de moedas, de acordo com a capacidade de cada qual. Concordam com isso?
Todos concordaram.
— Portanto — continuou Arkad —, se cada um de vocês quiser construir uma fortuna, não será uma atitude
inteligente começar usando essa fonte de riqueza que a pessoa já consolidou? A concordância foi ainda geral.
O homem mais rico da Babilónia voltou-se então para um homem humilde que tinha afirmado ser um
vendedor de ovos.
— Se você separar um de seus cestos e nele colocar toda manhã dez ovos, daí tirando toda noite nove ovos, o
que acontecerá finalmente?
— Com o tempo ele transbordará.
— Por quê?
— Porque a cada dia coloco ali sempre mais um ovo do que a quantidade que eu tiro.
Arkad voltou-se para a turma, sorrindo.
— Todos os homens por aqui se acham em dificuldades financeiras?
Primeiro os participantes ficaram olhando. Depois riram. Finalmente agitaram, divertidos, os pequenos
bornais onde costumavam carregarsuas moedas.
— Muito bem — continuou ele —, agora vou comunicar-lhes o primeiro remédio que aprendi para solucionar o
problema da falta de dinheiro. Façam exatamente como sugeri ao vendedor de ovos. Para cada dez moedas que
colocarem em suas bolsas, não retirem para uso próprio mais do que nove. A bolsa começará a ficar estufada, e seu peso
cada vez maiorserá uma fonte de prazer para assuas mãos e uma fonte de bem-estar para as almas.
“Não zombem do que eu digo por causa de sua simplicidade. A verdade é sempre simples. Disse que lhes
contaria como construí minha fortuna. Foi esse o meu começo. Eu andava invariavelmente quebrado e
detestava isso porque não podia satisfazer meus desejos. Mas, desde que comecei a retirar de minha bolsa não
mais de nove cotas das dez que ali depositava, ela começou a engordar. O mesmo acontecerá com vocês.
“Agora lhes falarei de uma estranha verdade cuja razão desconheço. Quando deixei de desembolsar mais do que
nove décimos de meus ganhos, iniciei minha carreira de êxitos. Não fiquei mais desprevenido do que antes. Ao
contrário, as moedas começaram a aparecer com maior freqüência. Certamente é uma lei dos deuses que, para
aquele que poupa e não gasta uma determinada parte de seus ganhos, o dinheiro virá mais facilmente. De modo
curioso, ele costuma evitar aquele cuja bolsa se mantém sistematicamente vazia.
“Qual pode ser o maior anseio de vocês? A satisfação dos desejos de cada dia, uma jóia, um adorno,
melhores roupas, mais comida? Coisas que rapidamente se vão e são esquecidas? Ou, pelo contrário,
sonhariam com bens mais estáveis — ouro, terras, rebanhos, mercadorias —, investimentos que trazem bons
lucros? As moedas que vocês usam no dia-a-dia concedem aqueles primeiros desejos. As que vocês guardam, os
segundos.
“Esta, meus discípulos, foi a primeira solução que descobri para a minha falta de dinheiro: ‘Em cada dez
moedas conseguidas de qualquerfonte, não gastem mais do que nove.’ Debatam o assunto entre vocês. Se alguém puder
provar que isso não é verdade, conversaremos a respeito amanhã quando estivermos juntos de novo.”

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A SEGUNDA SOLUÇÃO

Controlem seus gastos
No segundo dia, Arkad dirigiu-se à assembléia nos seguintestermos:
— Alguns dos participantes, meus discípulos, fizeram-me a seguinte pergunta: “Como pode um cidadão
guardar um décimo de todos os seus ganhos, se em geral seus vencimentos mal dão para as despesas
necessárias?” Pois bem, ontem quantos de vocês achavam-se com pouco dinheiro?
— Todos nós — respondeu a turma.
— Entretanto, as pessoas aqui não recebem todas a mesma coisa. Naturalmente, umas ganham mais do que
outras. Algumas têm famílias maiores para sustentar. Apesar disso, todas estão igualmente desprevenidas.
Gostaria portanto de lhes falar sobre uma extraordinária verdade a respeito dos homens e de seus filhos. O que
costumamos chamar de “despesas necessárias” sempre crescerá para tornar-se igual a nossos rendimentos, a
menos que façamos alguma coisa para inverter essa tendência.
“Não confundam despesas necessárias com desejos. Cada um de vocês, junto com suas boas famílias, tem
mais desejos do que seus ganhos podem satisfazer. Conseqüentemente, tudo quanto recebem é despendido para
aplacar tais desejos à medida que elessurgem. E ainda assim restam muitos outros que não chegam a sersaciados.
“Na verdade, todos os homens têm mais desejos do que podem satisfazer. Acham que posso cumprir todos os
meus sonhos porque sou rico? Trata-se de uma falsa idéia. Há limites para o meu tempo. Há limites para a
minha energia. Há limites para a extensão de minhas viagens. Há limites para o que consumo à mesa de
refeições. Há limites para os prazeres de minha vida.
“Garanto-lhes que, do mesmo modo como as ervas daninhas crescem num campo onde o fazendeiro deixa
espaço para suas raízes, assim também os desejos crescem livremente no coração do homem capaz de saciá-los. Os
desejossão uma multidão, mas aqueles que cada um de vocês pode satisfazerreduzem-se a um punhado.
“Examinem cuidadosamente seu modo habitual de viver. Tenho absoluta certeza de que se defrontarão com
alguns gastos que podem ser tranqüilamente reduzidos ou eliminados. Acatem como uma verdadeira divisa a
noção de reservar um por cento do valor estimado sobre cada moeda que sai.
“Portanto, gravem na argila cada uma das coisas passíveis de despesa. Selecionem as necessárias, além de
outras cujo custo não ultrapasse nove décimos de seus rendimentos. Cancelem o resto e considerem-no apenas
como uma parte dessa grande multidão de desejos que não podem ser satisfeitos. Não sintam remorsos porisso.
“Façam um orçamento para as despesas imprescindíveis. Não toquem naquele décimo que está
engordando sua bolsa. Encarem o crescimento de suas economias como um belo propósito de vida. Procurem
trabalhar com o orçamento estabelecido, procurem ajustá-lo de modo que funcione em seu favor. Busquem
torná-lo um colaborador na defesa de suas crescentes reservas.”
Nesse momento um dos estudantes, usando uma roupa vermelha e dourada, levantou-se e disse:
— Sou um homem livre. Acredito ser meu direito gozar das boas coisas da vida. Por isso, rebelo-me contra a
submissão a um orçamento que determina exatamente quanto devo gastar e em quê. Acho que isso eliminaria
muitos prazeres de minha vida, tornando-me não muito melhor que um burro de carga.
— Quem, meu amigo — replicou Arkad —, determinaria o seu orçamento?
— Eu mesmo o faria — respondeu o homem que protestava.
— Se um burro de carga fizesse seu próprio orçamento, teria incluído nele jóias, mantos e pesadas barras de
ouro? Claro que não. Ele não precisaria senão de feno, grãos e um saco de água para atravessar o deserto.
“O propósito de um orçamento é ajudá-los a juntar dinheiro. Uma maneira de garantir que vocês consigam o
necessário e, na medida em que se mostrem acessíveis, seus outros desejos. É capacitá-los a perceber seus mais
profundos anseios, defendendo-os contra aquisições meramente casuais. Como uma luz brilhando numa

caverna escura, o orçamento deixa a descoberto os vazamentos em suas bolsas, dando-lhes condições de es-
tancá-los e destinar as despesas a propósitos definidos e gratificantes.

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“Esta é, portanto, a segunda solução para a falta de dinheiro. Façam o orçamento de suas despesas de modo que
possam ter dinheiro para pagar pelo que é necessário, pelos prazeres e para satisfazerseus mais valiosos desejossem despender
maisdo quenovedécimosde seusganhos.”

A TERCEIRA SOLUÇÃO

Multipliquem seus rendimentos

Assim dirigiu-se Arkad aos alunos no terceiro dia:
— Vejam como o dinheiro está começando a entrar. Vocês se disciplinaram para reservar um décimo de todos os
seus ganhos. Controlaram as despesas para proteger o tesouro crescente. Devemos agora considerar os meios
para pôr esse tesouro para trabalhar e crescer. Ter dinheiro guardado é gratificante e pode alegrar uma alma
avarenta, mas isso não leva a nada. A quantia que podemos separar de nossas diversas fontes de remuneração
não passa de um começo. Seus ganhos, sim, é que construirão nossasfortunas.
“Como podemos pôr nosso dinheiro para trabalhar? Meu primeiro investimento foi uma desgraça, pois perdi
tudo. Mais tarde lhes contarei essa história. Meu primeiro investimento lucrativo foi um empréstimo que concedi
a Aggar, o fabricante de escudos. Uma vez por ano ele comprava grandes carregamentos de bronze trazidos através
dos mares para serem empregados em seu negócio. Não dispondo de suficiente capital para pagar aos
mercadores, era obrigado a pedir emprestado àqueles que tinham um dinheiro extra. Era um homem honrado.
Pagava o empréstimo, além de uma generosa taxa, à medida que vendia os escudos.
“Sempre que atendia às suas solicitações, emprestava-lhe igualmente a renda acumulada das primeiras
transações. Assim, não só meu capital cresceu, como os próprios ganhos de Aggar se tornaram maiores. Como era
gratificante tertodas essassomas de volta!
“Disse-lhes, meus discípulos, que a riqueza de um homem não deve ser aquilatada pelas moedas que ele
consegue juntar; ela se acha, sim, nos lucros que essa soma pode produzir, a torrente de ouro que flui
continuamente para dentro de suas bolsas, conservando-as sempre bojudas. E afinal o que todo homem deseja,
o que cada um dos presentes deseja — uma renda que não cesse de crescer, estejam vocês trabalhando ou
viajando.
“Adquiri uma grande renda. Tão grande que me consideram um homem extremamente rico. Meus
empréstimos a Aggar foram o meu primeiro treinamento em investimento lucrativo. Ganhando em sabedoria com
essa experiência, ampliei o círculo de clientes e os investimentos quando meu capital aumentou. De poucas fontes
no início, de muitas outras depois, desaguou em minha bolsa uma torrente dourada de riqueza que eu podia usar
como bem entendesse.
“Como vêem, a partir de meus modestos ganhos gerei uma reserva de escravos dourados, cada qual labutando
para produzir mais ouro. Como trabalhavam para mim, seus filhos também o faziam, e os filhos dos filhos, até
que dessa concentração de esforços surgiu uma bela renda.
“O ouro cresce rapidamente quando se fazem ganhos razoáveis, como poderão ver pelo seguinte exemplo:
quando nasceu o primeiro filho de um fazendeiro, ele entregou dez moedas de prata a um emprestador de
dinheiro e pediu-lhe que as fizesse render para o filho até que este completasse vinte anos de idade. O homem
concordou, estabelecendo que a soma renderia juros de um quarto de seu valor a cada quatro anos. O fazendeiro
então solicitou, já que se tratava de um dinheiro que tinha separado exclusivamente para o filho, que os juros
fossem incorporados ao principal.
“Quando o rapaz completou vinte anos de idade, seu pai procurou novamente o emprestador de dinheiro para
perguntar-lhe pela prata. O homem explicou-lhe que, como a soma tinha crescido à razão de juros compostos,
as dez moedas de prata originais tinham aumentado para trinta moedas e meia.
“O fazendeiro ficou bastante satisfeito e, como seu filho ainda não precisasse do dinheiro, deixou-o com o
emprestador. Quando o filho completou cinqüenta anos de idade, tendo o pai a essa altura passado para o outro
mundo, o banqueiro pagou ao filho, para liquidar o compromisso, 167 moedas de prata.

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